- Tu nunca te abres!
Pudera. Quando o faço os meus desabafos são minimizados, uma coisa pouco importante, que é resultado das minhas inseguranças. Quais, ainda estou para saber, pois nem sequer as consigo expor, uma vez que ela nem me deixa terminar as frases.
- Ouve, como é que tu podes saber o que eu ia dizer, se nem me deixas acabar.
- Já percebi o que é que vais dizer.
- Estou a desabafar; não te estou a pedir lições de moral.
- Se me estás a contar, tenho direito a dar a minha opinião.
Claro que sim. Mas quando o desabafo passou a ser dela, já este direito não foi extensível a
mim.
- Não tens que estar sempre a analisar tudo. Estou só a falar.
Já tentei isso.
- Não dizes nada? Não tens opinião?
Ter, tenho. Mas isso só é útil se for a que ela quer ouvir.
- É isso que tu achas?
- Ouvindo o que tu disseste sim.
- Então não percebeste nada.
- Lá por não concordar contigo, não quer dizer que não tenha percebido.
- Tu agarras-te demasiado às palavras.
- As palavras forma tuas.
- Sim, mas não precisas de as levar tão a sério.
O que a bem ver, até é verdade. Há coisas que não merecem a importância que lhes damos. O difícil é saber quais.
- Nem ligas ao que eu te digo!
- Bom; primeiro dizes-me que não devo dar tanta importância ao que dizes. Agora queixas-te do contrário.
- Isso é porque tu não me dás atenção. Porque se desses percebias a diferença.
- Como é que é suposto eu perceber a diferença, se as regras mudam sem uma lógica traçável?
- Lá estás tu a desconversar.
Sendo que, na verdade, estava a tentar fazer exactamente o oposto. Mas era escusado tentar compreender.
- Tu és básico.
Pelo menos por uma hora, que na hora seguinte posso já ter passado a complicado.
- Afinal sou básico ou complicado?
- És básico numas coisas. O que complicas são os teus defeitos.
E depois acha estranho que eu me mantenha calado e não fale de mim.
- Não precisas ficar assim. Não se pode dizer nada!
- Dizes o que tu quiseres.
- Pronto, lá está tu.
- A fazer o quê?
- A concordar comigo.
- Pensava que era isso que querias.
- Não sejas condescendente comigo.
- Não estou a ser condescendente.
- Estás sim. Só dizes isso para me deixar satisfeita.
- Mas não é isso que esperas de mim? Que te deixe satisfeita?
- Hoje estás impossível.
Impossível, porque percebi a futilidade da discussão.
- Sabes, a mim parece-me que na verdade o conteúdo desta discussão pouco interessa. Tu na verdade queres é falar, pouco importando o que se está a dizer.
- Ai é isso que tu pensas?
- Estás sempre a mudar de opinião? Como é que podes estar à espera que eu saiba o que é importante para ti?
- Deixa-me muito triste ver que é assim que tu olhas para a nossa relação.
Senti-me manipulado. Felizmente aprendi a não perder o sono com isto. Foi necessário. Caso contrário teria morrido à muitos anos de exaustão.
sexta-feira, 19 de junho de 2009
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Au!
ResponderEliminarTomei a liberdade de ficcionar.
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