domingo, 19 de julho de 2009

Vinha hoje a pensar

Vinha hoje a pensar que estas férias fizeram-me ver, que sei, não o que quero fazer da vida, mas como vivê-la.
Não posso saber se vou continuar a querer fazer filmes amanhã, se vou ficar em Portugal, preferir emigrar, viver na praia, no campo, com o pirilampo, se quero casar e ter filhos ou mudar de sexo.
Para mim, todas as coisas, concluí, são circunstânciais.

De algum modo, vivo uma vide relativamente livre. Obviamente que não consigo vivê-la em trânsito, sem horários nem destinos, pois irei sempre precisar de trabalhar. Pensei em fazê-lo noutro pais, mas depois pensei que viver no limite a servir às mesas, era um desconforto que se limitava a substituir o actual por outro diferente.
Como não tenho que me sustente, nem estou interessado em tornar-me criminoso ou mestre do golpe, irei sempre precisar de trabalhar.
Mas mesmo assim, levo uma vida relativamente livre.

Vivo sozinho, com os meus horários e os meus hábitos.
Ganho o suficiente para suportar-me a mim e aos meus vícios, a fazer uma coisa que me dá prazer.
Existe uma única pessoa no mundo a quem dou explicações, que é aquele que me paga, mas mesmo esse, não é pessoa de me limitar a liberdade.
Tenho uma vida familiar consideravelmente independente, numa rotina que cumpro escrupulosamente, para assim me manter.
Por regra não me privo de fazer o que quero sempre que posso, não tendo hábito de me culpar das minhasauto-indulgências.
Não estou agarrado a nenhuma pessoa, ao ponto de querer sujeitar as minhas decisões às dela.
Não pertenco a nenhum clã, nem quero pertencer.
Não tenho dívidas insanáveis, dependências crónicas, exigências materiais.
Não guardo ressentimentos. Resolvo sempre as situações. Umas vezes no momento com a pessoa ou pessoas em causa. Noutros simplesmente na minha cabeça.
Não aguardo ódios ou tentações pelas quais paute a minha existência.
E felizmente vivo com pessoas que vive cada um a sua vida, vidas essas que partilhamos, relacionando-nos simplesmente por sermos.
Não sei o que é que amanhã me vai apetecer fazer, pelo que o meu único plano, é continuar a viver o mais livre possível, de preferência com alguém que queria partilhar comigo a sua liberdade.

Não sei se isso vai chegar. Mas esse é o risco que corro em viver como quero. O risco de ficar sozinho.

Sem comentários:

Enviar um comentário