- Não podes ser assim.
Como se fosse a primeira vez que ouvi isso. Sou o que sou por escolha e decisão, não por acidente ou incapacidade.
Sou um tipo generoso, que dá, espera o melhor e acredita que as pessoas são capazes de responder em concordância. Podem chamar-me de idealista, imaturo ou imprevidente, mas a minha, foi uma opção tomada em consciência. Prefiro o risco da desilusão, a uma meia vivida entre a contenção e a suspeição. Procuro fazer o que quero e o que gosto. E eu gosto de partilhar e por mais que me digam que os egoístas saem-se melhor, os que conheço (e não são tão poucos quanto isso), não vejo que se sintam tão melhor que eu. Talvez por isso o facto de ser como sou, não me atormenta. Não sinto a necessidade de ser furtivo e distante para conquistar, porque para além disso, quero ser, ver o mundo, experimentar, dar e receber, surpreender e ser surpreendido, questionar, olhar, estar atento, ser sensível Às circunstâncias, aprender, evoluir, viver. E ao dar, recebo a oportunidade de fazer e sentir tudo isso.
Talvez por isto exista o reverso da medalha, o tal que levou o meu amigo a dizer-me que não podia ser assim.
Como sou um tipo generoso, que não tenho receio de dar, sempre que não posso viver com essa pessoa, sendo o que quero, perco a confiança e afasto-me. E se for a pensar, não tenho hábito de voltar. É uma espécie de absolutismo, eu sei. Mas não preciso suportar uma relação na qual não posso ser o que quero e que por isso mesmo, não me traz o que preciso.
Se agora for a pensar, não me recordo de muitas situações em que me tenha arrependido e voltado atrás. Não que fique rancoroso a ruminar. Não. Esqueço. Perco o interesse. Desligo, perante a desilusão e a ingratidão. Porque na verdade, no que diz respeito a relações pessoais, à excepção dos laços de sangue, não preciso de algo que me priva de viver como quero.
Vivo uma via intensa no meu interior, que se torna mais plena quando é partilhada, mas que continua a existir sem partilha. Não sou egoísta, sou egocêntrico.
Há dias em que fico a pensar que embora não possa viver sozinho, não sei se existe uma só pessoa no mundo, sem a qual não fosse capaz de viver.
Há dias em que fico a pensar, com as devidas exepções, que sou mais um fenómeno na vida dos outros do que os outros o são na minha.
segunda-feira, 27 de julho de 2009
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