quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Conversa de Café

A J. não está bem. Percebo pela conversa dela.
Acabámos a falar de intimidade e da forma como lidamos com ela.
Obviamente que a forma como hoje lido com esta é muito diferente da forma como lidava à cinco ou seis anos atrás.

Hoje em dia, a intimidade que tenho para partilhar é muito menor do que era. É um reflexo da idade. Hoje em dia sempre que estabeleço intimidade com uma mulher que me atraia física e intelectualmente, pretendo que a mesma evolua para lá de uma simples amizade e se isso não acontecer, essa intimidade vai-se. As relações, disse-lhe eu, dependem da reciprocidade o que significa objectivos e intenções comuns. Não havendo isso, não há reciprocidade, e sem isso, a relação não tem para onde evoluir. E intimidade restrita à amizade, é algo que demora muito tempo a atingir, muito mais hoje em dia, que tenho menos tempo, disponibilidade e insegurança, para estar a aceitar algo que não me satisfaz.

Perguntei-lhe se sabia o que queria. Disse-me que sim. E que ele não queria o mesmo.

Assim sendo, se ela estava numa situação dessas, com alguém que foge por medo de se envolver ou por incapacidade de fazer escolhas e aceitar as consequências, dizendo-lhe que só quer ser amigo dela, ela não tinha outra solução senão afastar-se.
Proteger-se a ela, esclarecer ilusões que ele tenha quanto à natureza da relação, salvar a amizade, caso quisesse isso e não abdicar daquilo que quer, por aquilo que pode ter.

Eu pelo menos, hoje em dia, privilegio a intimidade acima de tudo, mas quando me vejo numa relação com alguém que não a interpreta no mesmo sentido que eu, afasto-me, antes de me envolver de uma forma irreversível.

Até porque, quando alguém não a interpreta da mesma maneira que eu, acabo por perder a vontade em promover uma intimidade, que para a qual, deixou de haver sentido.
A amizade é uma coisa fantástica.
Mas o que hoje dou a alguém que é um amigo recente, alguém que é simples e somente um amigo, é consideravelmente menos do que aquilo que estou disposto a dar a alguém pela qual me apaixone. De momento não estou. Mas já estive e sei como é.

Terminei a dizer-lhe que no imediato, não via futuro para aquela relação.

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