quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A minha última criação - Universo - Texto 2 do Angst

Desde tempos imemoriais que o sol e a lua falam aos Homens. Os nossos antepassados olharam para o espaço e procuraram nele explicações para a vida, a morte e a imortalidade.

O Universo é para nós, tudo o que existe. O espaço tempo, a matéria, a energia, as interacções, as leis que as regem e o modo como tudo é criado, destruído e alterado.

À luz do seu conhecimento, criaram-se mitologias para a criação. O universo nascera de um ovo, do acto criador de um Deus, da união entre um homem e uma mulher, ou mais simplesmente, emanado de princípios fundamentais e matérias caóticas.
Hoje, quando olhamos, sabemos que o sol é uma estrela, a nossa, orbitado por 8 planetas e outros milhares de corpos, que está a 150.000.000kms da terra, levando a sua luz, 8 minutos a atingir o nosso mundo.

Com o tempo aprendemos também que o universo tem entre 13 e 20 biliões de anos. Está cheio de galáxias, cada uma das quais com milhões e milhões de estrelas, rodeados de triliões de corpos, planetas e satélites, formados a partir da condensação da matéria em nuvens de gás e poeira, que se mantém no seu lugar, por acção da gravidade, das Forças Nucleares Forte e Fraca e do electromagnetismo, forças essas que parecem reger todas as interacções fundamentais das partículas.

Aprendemos que os átomos, que um dia pensámos serem a base do universo, são na verdade compostos por protões, electrões e neutrões, que por seu lado, são compostos por fermiões; partículas elementares que se dividem em quarks e leptões; que por ser lado se relacionam com bosões, outra das partículas elementares, cuja interacção torna possível a matéria. Mas muito deste conhecimento é teórico, produto da matemática, mais do que da observação factual. É conhecimento inferido, como é o caso da matéria negra, que compõe 23% do universo, mas que não é visível, apenas inferida, como fundamental para explicar o comportamento dos corpos.

Na verdade o universo é muito maior do que aquilo que conseguimos observar.
Inventámos para tal um termo: o universo visível.
Mas mesmo neste caso, o ser visível, não o torna conhecível. Grande parte deste, nunca irá interagir connosco. Mesmo que existisse eternamente, a possibilidade da sua expansão ser feita a uma velocidade superior à da luz, tornará sempre partes do universo fora do nosso alcance.

O nosso desconhecimento parece não ter fim e pior que isso, parece inultrapassável na sua totalidade. Que certeza pudemos ter que o que existe, existiu e existirá, é a única coisa que há, houve ou haverá?
Que nos garante que não haverão outros universos, desligados do nosso, geridos por outras constantes físicas e como tal, impossíveis de detectar?
Segundo a quântica, a probabilidade do resultado de uma experiência feita a partir de um estado inicial perfeitamente definido, é determinada pela soma de todos os caminhos possíveis, para o qual o resultado evolui até ao estado final. Por outras palavras, só um resultado é possível. Assim sendo, até o que não existe, pode influenciar o que existe.

Perante isto, mesmo o que sabemos, não diminui a impotência.
A estrela mais próxima da nossa, Próxima Centauri, está a 4,2 anos luz da terra.
A mais brilhante no ceú nocturno, Sírio, a 8,57 anos luz.
A luz viaja a 300.000kms/seg, ou 300.000.000 km/h.
Um avião comercial atinge entre 700 e 900km/h.
Um jacto hipersónico bate Mach 5, mais de 5000km/h.
A Apolo 11, que pousou na lua, atingiu 40.000km/h.
Mesmo a esta velocidade demoraria cerca de 7.500 anos atingir a estrela mais próxima.
Nem a dilatação do tempo, conforme descrita na Teoria da Relatividade, nos deixa menos isolados.

Pelo contrário, parece revelar a nossa insignificância cósmica. Seja o tempo encarado como uma dimensão absoluta à imagem de Newton, ou de uma estrutura intelectual usada para sequenciar eventos, a verdade é que o tempo é o que separa causa de efeito.

A causa, é a nossa realidade. A possibilidade de vida noutros mundos, não diminui a certeza que devido à nossa actual incapacidade, o efeito desta realidade, é o de estarmos irremediavelmente sós no universo.


Próxima Centauri - 4,2 anos luz
Luz = 300.000.000 km/h
Num dia = 7.200.000.000 km
Num ano = 2.628.000.000.000 km
4 Anos = 10.512.000.000.000 km

Apolo 11 = 40.000km/h
Num dia = 960.000 km
Num ano = 350.400.000 km
4 Anos = 1.401.600.000 km

10.512.000.000.000 / 1.401.600.000 = 7.500 anos

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