Dom Quixote era um aristocrata espanhol, que acreditando nos romances de cavalaria que lê compulsivamente, decide tornar-se cavaleiro andante, convencido da veracidade histórica dos mesmos. Para tal, arma-se cavaleiro, arranje um fiel escudeiro, elege uma feia camponesa a bela donzela e parte pelo mundo, vivendo o seu próprio romance de cavalaria.
O livro é uma parodia aos romances de cavalaria, mas também uma Sátira dos preceitos literários que regem aquelas histórias. A luta por valores como o amor, a paz e a justiça, numa fantasia desmentida pela própria realidade. Se por um lado representa a liberdade máxima, por outro encerra-a dentro de estreitos limites.
O que se torna dramático e pungente na personagem de Dom Quixote, é a expressão amarga da impossibilidade de dar vida a um ideal. Toda a história é um conflito entre estas duas forças, a tentativa de uma personagem de viver um período áureo de um vida que já não existe, preenchendo espaços vazios com palavras que simbolizam algo do qual se sente falta, refém da verdade que a necessidade não é garantia de existência.
É o fim de um mundo, de um tempo, eternizado na acção de alguém que se recusa a deixá-lo morrer, tornando-se motivo de chacota. É a tristeza da desilusão, o fim de um sonho sem progresso, que termina na decepção e na dor. Mas mesmo antecipando o fracasso ou pelo menos confrontado com ele, Dom Quixote persegue na sua própria tenacidade, numa espécie de louvor de uma moral de fracasso, repleto de objectivos vagos e irrealizáveis.
A seu jeito, Dom Quixote representa o fim da nobreza de coração e da plenitude da vontade, valores que dominaram toda a idade média. Ao marcar o fim de um tempo, ele marca inevitavelmente, o início de uma outra época, uma modernidade apresentada através da falência da antiguidade que veio substituir.
terça-feira, 27 de outubro de 2009
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