O mundo, dizem, está em crise. São os valores, o ambiente, a economia. O problema é o aquecimento global, é a sobrepopulação, é a falta de respeito pelos mais velhos, é o individualismo, é a poluição, a segurança social, o neoliberalismo, o narcisismo, a natureza humana.
Quanto a mim, tudo isto são sintomas de um problema intrínseco, um problema criado ou aproveitado pelo capitalismo e que é tão profundo e natural, quanto a morte a fome, que é a vontade de ter mais, sem razoabilidade na gestão das necessidades, sem ponderação no consumo dos recursos, com o risco de quem desconsidera as consequências que as acções terão nos outros e no próprio, em troca de uma satisfação imediata e total.
Não digo que ter é mau, não critico a posse nem o consumo, nem sequer sei se seria possível que as coisas se tivessem passado de outra forma. Afinal, também prefiro, conforto, segurança, tecnologia e prazer. Gosto de comprar, de consumir, de ter frigorífico e andar de carro. Mas nem por isso deixo de achar uma desresponsabilização, sacrificar o bem de todos, pelo prazer de alguns.
E esta é a fórmula intrínseca que está na origem do problema. A fórmula que toda a gente aceita sem questionar, aprovando tacitamente um sistema que favorece quem tem, eternizando um problema que controla os outros, através da imposição de uma convenção, que para além do mais, está a gerar uma epidemia de depressões, provenientes do princípio de que só tendo e fazendo, será feliz e pleno, pensando apenas em ti, pois quanto mais tiveres, mais vais atrair e no fundo, toda a riqueza e poder serve para sermos aceites ou evitarmos a morte, em vida ou depois dela, ao invés de tentarmos aprender a viver com as nossas limitações e aceitarmos que o que nos fragiliza é também aquilo que nos faz humanos, com todos os defeitos, mas também, todas as potencialidades.
Podem vir dizer-me que este problema não é de agora e que é tão antigo, quanto a humanidade. Até pode ser, mas isso não invalida que o problema exista e cause o que está a causar. Quanto a isso ser a natureza humana, concordo que faz parte dela. Mas também a generosidade, o altruísmo e a partilha fazem.
quinta-feira, 10 de setembro de 2009
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário