quinta-feira, 24 de setembro de 2009

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Uma foto do casamento

























Eu, a Ana, a Gwen e o Albergaria.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

sexta-feira, 11 de setembro de 2009

"We Are ODST", HALO 3 Tv Commercial

Brilhante.

"The Assassination of Jesse James", by Andrew Dominik

O que me comove?

Perguntaram-me ontem o que me comove.

Sem saber o que responder, respondi na mesma.

Comove-me a solidão, acho eu.
A impotência.
A derrota de um homem digno às mãos um problema maior.
O desespero.
A aceitação da dor e a iminência da morte.
O fim, repleto de solidão e isolamento.
Os seres invisíveis que sofrem em abstracto.
Os homens desesperados que lutam por algo mais, mesmo sabendo que jamais irão triunfar.
Um gesto, como o da miúda que apertava os sapatos do irmão, ou o da minha avó a arranjar com cautela a gravata do meu avô, que se deixou engravatar, tanto por hábito como por direito.
O sorriso dela, quando me olhava envergonhada, perante algo que queria, sem saber se devia, dizer.
A forma como se espreguiçava, solta, livre, esticando-se na praia, na cama, no sofá.
Comove-me a preocupação que se manifesta no carinho.
Na despedida.
Na certeza de que há gestos e palavras que serão os últimos.
Comove-me a incerteza. O descontrolo.
Os acontecimento terríveis e autênticos, fantásticos e inesquecíveis.
As palavras segredadas em cumplicidade de ouvido.
O olhar por detrás das cortinas.
A insegurança de uma declaração.
A manifestação de um sentimento, profundo, honesto, irredutível.
E a beleza. A beleza de coisas simples que se vivem apreciando.
Que transformam a vida em algo mais que simples factos sucedâneos.
A fragilidade e a coragem de quem a aceita.
E o fim. A certeza do mesmo.
E a dignidade ferida de quem o enfrenta, só, de rosto descoberto, a revelação daquilo que se é, se sente, se faz, se vive.

Histórias de Vida

Há algo nas histórias que não nos faz bem. Andamos a ouvir histórias fantásticas ou terríveis, desde o início dos tempos, histórias onde acontece sempre algo transformador, que por isso mesmo as torna memoráveis e repetidas por anos e anos.

Mas na realidade, a vida não é como as histórias. As histórias flutuam entre experiências intensas e marcantes, que acabam por melhorar ou piorar a vida de quem a vive, mas nunca, em momento algum, indiferentes.

Só que a vida não é assim. Ele vai avançando com alguns altos e baixos, entre acontecimentos pessoais mas raramente tão terríveis ou tão fantásticos, que mereçam ser contados, repetidos, ouvidos, pelo tempo fora.

É por isso que as pessoas têm tendência a empolar o que lhes acontece e trazer uma grande dose de drama para onde há pouco, procurando e pretendendo viver numa realidade maior do que aquela que na verdade têm.

É por isso que as histórias, se calhar, não nos fazem bem.

"Don't Kiss me Goodbye", by Ultra Orange & Emmanuelle

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A minha última criação

É tudo o que tenho a dizer



"I Will Possess Your Heart", By Death Cab For Cutie

How I wish you could see the potential
The potential of you and me
It's like a book elegantly bound
But in a language you can't read just yet

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

There are days when outside your window
I see my reflection as I slowly pass
And I long for this mirrored perspective
When we'll be lovers, lovers at last

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

I will possess your heart
I will possess your heart

You reject my advances and desperate pleas
I won't let you let me down so easily
So easily

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

You got to spend some time, love
You got to spend some time with me
And I know that you'll find love
I will possess your heart

I will possess your heart
I will possess your heart

Claire Morgan





O Problema, dizem...

O mundo, dizem, está em crise. São os valores, o ambiente, a economia. O problema é o aquecimento global, é a sobrepopulação, é a falta de respeito pelos mais velhos, é o individualismo, é a poluição, a segurança social, o neoliberalismo, o narcisismo, a natureza humana.

Quanto a mim, tudo isto são sintomas de um problema intrínseco, um problema criado ou aproveitado pelo capitalismo e que é tão profundo e natural, quanto a morte a fome, que é a vontade de ter mais, sem razoabilidade na gestão das necessidades, sem ponderação no consumo dos recursos, com o risco de quem desconsidera as consequências que as acções terão nos outros e no próprio, em troca de uma satisfação imediata e total.

Não digo que ter é mau, não critico a posse nem o consumo, nem sequer sei se seria possível que as coisas se tivessem passado de outra forma. Afinal, também prefiro, conforto, segurança, tecnologia e prazer. Gosto de comprar, de consumir, de ter frigorífico e andar de carro. Mas nem por isso deixo de achar uma desresponsabilização, sacrificar o bem de todos, pelo prazer de alguns.

E esta é a fórmula intrínseca que está na origem do problema. A fórmula que toda a gente aceita sem questionar, aprovando tacitamente um sistema que favorece quem tem, eternizando um problema que controla os outros, através da imposição de uma convenção, que para além do mais, está a gerar uma epidemia de depressões, provenientes do princípio de que só tendo e fazendo, será feliz e pleno, pensando apenas em ti, pois quanto mais tiveres, mais vais atrair e no fundo, toda a riqueza e poder serve para sermos aceites ou evitarmos a morte, em vida ou depois dela, ao invés de tentarmos aprender a viver com as nossas limitações e aceitarmos que o que nos fragiliza é também aquilo que nos faz humanos, com todos os defeitos, mas também, todas as potencialidades.

Podem vir dizer-me que este problema não é de agora e que é tão antigo, quanto a humanidade. Até pode ser, mas isso não invalida que o problema exista e cause o que está a causar. Quanto a isso ser a natureza humana, concordo que faz parte dela. Mas também a generosidade, o altruísmo e a partilha fazem.

"The Rat", by The Walkmen

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

terça-feira, 8 de setembro de 2009

MODERNA RELACAO AFETIVA - por Flavio Gikovate

Não é apenas o avanço tecnológico que marcou o início deste milênio. As relações afetivas também estão passando por profundas transformações e revolucionando o conceito de amor.

O que se busca hoje é uma relação compatível com os tempos modernos, na qual exista individualidade, respeito, alegria e o prazer de estar junto, e não mais uma relação de dependência, em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar.

A idéia de uma pessoa ser o remédio para nossa felicidade, que nasceu com o romantismo, está fadada a desaparecer neste início de século.

O amor romântico parte da premissa de que somos uma fração e precisamos encontrar nossa outra metade para nos sentirmos completos.
Muitas vezes ocorre até um processo de despersonalização que, historicamente, tem atingido mais a mulher. Ela abandona suas características, para se amalgamar ao projeto masculino.

A teoria da ligação entre opostos também vem dessa raiz: o outro tem de saber fazer o que eu não sei. Se sou manso, ele deve ser agressivo, e assim por diante. Uma idéia prática de
sobrevivência, e pouco romântica, por sinal.

A palavra de ordem deste século é parceria. Estamos trocando o amor de necessidade, pelo amor de desejo. Eu gosto e desejo a companhia, mas não preciso, o que é muito diferente.

Com o avanço tecnológico, que exige mais tempo individual, as pessoas estão perdendo o pavor de ficar sozinhas, e aprendendo a conviver melhor consigo mesmas. Elas estão começando a perceber que se sentem fração, mas são inteiras. O outro, com o qual se estabelece um elo, também se sente uma fração. Não é príncipe ou salvador de coisa nenhuma. É apenas um companheiro de jornada.

O homem é um animal que vai mudando o mundo, e depois tem de ir se reciclando, para se adaptar ao mundo que fabricou.

Estamos entrando na era da individualidade, o que não tem nada a ver com egoísmo. O egoísta não tem energia própria; ele se alimenta da energia que vem do outro, seja ela financeira ou moral.
A nova forma de amor, ou mais amor, tem nova feição e significado. Visa à aproximação de dois inteiros, e não a união de duas metades. E ela só é possível para aqueles que conseguirem trabalhar sua individualidade. Quanto mais o indivíduo for competente para
viver sozinho, mais preparado estará para uma boa relação afetiva. A solidão é boa, ficar sozinho não é vergonhoso. Ao contrário, dá dignidade à pessoa. As boas relações afetivas são óptimas, são
muito parecidas com o ficar sozinho, ninguém exige nada de ninguém e ambos crescem.

Relações de dominação e de concessões exageradas são coisas do século passado.

Cada cérebro é único. Nosso modo de pensar e agir não serve de referência para avaliar ninguém. Muitas vezes, pensamos que o outro é nossa alma gêmea e, na verdade, o que fizemos foi
inventá-lo ao nosso gosto.

Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando, para estabelecer um diálogo interno e descobrir sua força pessoal.
Na solidão, o indivíduo entende que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele mesmo, e não a partir do outro. Ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais
compreensivo quanto às diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um.

O amor de duas pessoas inteiras é bem mais saudável. Nesse tipo de ligação, há o aconchego, o prazer da companhia e o respeito pelo ser amado. Nem sempre é suficiente ser perdoado por alguém, algumas vezes você tem de aprender a perdoar a si mesmo...

"A pior solidão é aquela que se sente quando acompanhado."

Flávio Gikovate,
médico psicoterapeuta.

quarta-feira, 2 de setembro de 2009

A solidão, sei-o hoje, é irremediável.

Foi preciso passar por tudo isto para compreender que as relações não servem para nos proteger das nossas fraquezas, nem para nos libertarem da ilusão que temos de nos salvar da solidão. No fundo, estamos irremediavelmente sós, condenados a viver uma condição total, como uma situação passageira.

Não sei se já aprendi a aceitá-la como parte do integrante do que sou, mas sei que luto diariamente por deixar de a ver como uma dor à qual preciso escapar. Se amar é dar sem pedir e partilhar sem expectativa de receber, então não sei se alguma vez amei, porque toda a vida usei das relações para compensar o que julgava me faltar, exigindo atenção e tornando-me dependente de outro, concentrado que estava em tirar para preencher, ao invés de viver, acabando a suportar relações vazias, apenas pelo medo de estar só, gravitando à volta desta dependência, convencido que a felicidade me esperava do outro lado, do lado onde havia outro, do lado, onde não estava só.

A solidão, sei-o hoje, é irremediável.
Depender dos outros para a minha satisfação emocional, é a minha maior carência e a causa que me levou a projectar nelas, nas relações, as minhas inseguranças, transformando-as em experiências sofridas de perda e ruptura.
A solidão, sei-o hoje, é irremediável.
Não sei se é possível viver as relações como o encontro entre dois seres conscientes da sua condição individual, que se juntam para partilhar, mais que para exigir.
Ninguém nos pode libertar de um isolamento que não se pode atravessar.
Ninguém pode ser libertado de algo que não é uma prisão.
Dele, não há salvação, porque é um destino irrevogável, não uma etapa circunstancial.
E ao destino, há apenas a possibilidade de o enfrentar aceitando.

Perguntam-me porque me isolo, me isolei, porque deixei de dar, de procurar, de me mostrar.
Desconheço se é possível a auto-satisfação emocional. Mas toda a gente morre só, por muito acompanhado que se tenha estado. Não se pense que estou com isto a a antecipar a morte. Não. Estou apenas a tentar aprender a viver com algo, que é tão irredutível quanto esta.

O que tenho para dar, é aquilo que sou. E o que sou é a minha riqueza. Desisti de tentar mostrá-la, exibi-la, seduzi-la, a partir do momento em que aceitei que a única forma de não me sentir só, é aprender a deixar de procurar nos outros, a cura para essa dor.
O que é inevitável, pouco mais deixa a fazer que não aceitar.

Se calhar a vida não passa de um conjunto de acontecimentos sem simbologia, que por apenas existirem por si sós, retiram todo o sentido ao acto de sofrer. Desconfio que só nos momentos de dor e fraqueza, é que reconheço o humano que há no outro. Desisti de fugir da dor, no dia em que o compreendi que isso só me afastava daquilo que a ela me unia.

A solidão, sei-o hoje, é irremediável.